Empresas inovadoras de geração solar, eólica e armazenamento vêm conquistando aportes bilionários e ampliando presença no mercado nacional.
O Brasil está se consolidando como um dos principais polos de inovação em energia limpa da América Latina. Startups focadas em geração solar distribuída, soluções eólicas e tecnologias de armazenamento energético vêm atraindo aportes robustos de fundos internacionais, em meio à crescente demanda global por sustentabilidade e descarbonização.
Segundo levantamento da BloombergNEF, o Brasil recebeu cerca de US$ 1,3 bilhão em investimentos em startups de energia limpa apenas em 2024 — alta de 48% em relação ao ano anterior. A maior parte desses recursos foi destinada a empresas que oferecem soluções descentralizadas, como painéis solares residenciais e baterias inteligentes para pequenas redes.
Um dos destaques do setor é a fintech Solfácil, que atua com financiamento de sistemas solares e já captou mais de R$ 800 milhões desde sua fundação. Em entrevista ao Valor Econômico, o CEO Fábio Carrara afirmou que a descentralização da energia é o “novo petróleo” da economia nacional, principalmente em um país com alta irradiação solar como o Brasil. “Estamos diante de uma oportunidade histórica”, disse.
Outro exemplo relevante é a startup Nextron, que desenvolve baterias de lítio com tecnologia nacional para armazenamento doméstico e industrial. A empresa fechou, em junho, uma rodada de investimentos liderada pelo fundo norueguês Equinor Ventures. O objetivo é escalar a produção e tornar o Brasil um hub regional de armazenamento energético.
A combinação de matriz limpa, incentivo regulatório e pressão por ESG vem criando um ambiente fértil para a inovação. O novo marco legal da micro e minigeração distribuída, aprovado em 2022, consolidou o papel das pequenas usinas e incentivou a criação de plataformas de gestão, financiamento e monitoramento.
Especialistas alertam que o setor ainda enfrenta gargalos como burocracia, logística e escassez de componentes importados. Mas a perspectiva para os próximos anos é de forte expansão, com maior integração entre o setor financeiro, a tecnologia e as metas de sustentabilidade corporativa.