A partir de janeiro de 2026, as cidades atendidas pela Sabesp (SBSP3) terão um reajuste de 6,11% na tarifa de água. A decisão foi divulgada pela Arsesp, responsável por regular os serviços públicos no estado, e marca a primeira revisão tarifária desde a privatização da companhia, em junho de 2024.
Apesar do número parecer alto, o órgão regulador garante que não haverá aumento real. Isso porque o índice apenas corrige a variação do IPCA acumulado entre junho de 2024 e outubro de 2025, sem adicionar qualquer ganho acima da inflação.
O que esse reajuste significa na prática?
Segundo o diretor-presidente da Arsesp, Daniel Antonio Narzetti, o impacto médio percebido pelo consumidor será de cerca de R$ 0,39 na tarifa de disponibilidade. Na prática, famílias que consomem entre 11 m³ e 20 m³ por mês verão a tarifa subir de R$ 6,01 para R$ 6,40.
Esse ajuste acontece por causa da nova metodologia regulatória, adotada após a privatização. Agora, a tarifa leva em conta apenas investimentos já realizados — e não estimativas futuras, como acontecia com a Sabesp estatal.
Como o Fausp está segurando o valor da tarifa?
Um elemento essencial do novo modelo é o Fundo de Apoio à Universalização do Saneamento (Fausp). Criado com a desestatização, ele tem como função amortecer o impacto das tarifas para o consumidor.
Para o próximo ciclo tarifário, serão usados R$ 6 milhões do Fausp para impedir qualquer aumento real na conta de água. O fundo cobre a diferença entre:
• Tarifa de disponibilidade (que o consumidor paga)
• Tarifa de equilíbrio (que remunera a Sabesp)
A tarifa de equilíbrio definida para 2026 será de R$ 6,7673/m³. Segundo a Arsesp, os ajustes compensatórios — referentes ao fim antecipado do ciclo anterior, revisões e cancelamentos de valores indevidos — resultaram em impacto praticamente nulo: apenas 0,026% sobre o fundo.
O Fausp recebeu 30% do valor arrecadado na privatização e continua sendo abastecido pelos dividendos pagos ao governo paulista, que mantém 18,3% das ações da empresa.
O que mudaria se a Sabesp ainda fosse estatal?
De acordo com cálculos do governo do estado, se a Sabesp não tivesse sido privatizada, o reajuste tarifário seria próximo de 8% — ou seja, maior do que o índice atual.
Narzetti afirma que, com a mudança regulatória e a atuação do Fausp, a tarifa atual está cerca de 15% menor do que estaria em um cenário pré-privatização.
Quanto a Sabesp já investiu desde a privatização?
O novo contrato de concessão exige que a companhia acelere os investimentos para atingir a universalização do saneamento até 2029, quatro anos antes do prazo estabelecido pelo Novo Marco Legal.
Segundo a Sabesp, já foram aplicados aproximadamente R$ 15 bilhões desde julho de 2024, sendo R$ 10,4 bilhões apenas entre janeiro e setembro de 2025 — um aumento de 151% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Com esses recursos, até outubro de 2025:
• 616 mil novos domicílios passaram a receber água potável
• 733,8 mil domicílios foram conectados à rede de esgoto
• 948,9 mil unidades foram contempladas com tratamento de esgoto
Essa antecipação deve evitar o descarte inadequado de 3,8 bilhões de litros de esgoto, equivalente a 1,5 milhão de piscinas olímpicas.
Conclusão: o reajuste afeta o seu bolso?
Apesar do percentual chamar atenção, o reajuste de 6,11% é apenas uma correção inflacionária. Graças ao Fausp e ao novo modelo regulatório, a tarifa de água não terá aumento real — e o consumidor não deverá sentir um impacto significativo no orçamento.
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Perguntas Frequentes (FAQs)
O reajuste de 6,11% significa aumento real na conta?
Não. O índice apenas corrige a inflação acumulada e não representa aumento acima do IPCA.
O que é o Fausp e para que serve?
É o fundo criado na privatização da Sabesp para amortecer tarifas e garantir que o consumidor não pague acima do valor de equilíbrio regulatório.
Quanto a Sabesp investiu desde a privatização?
Foram cerca de R$ 15 bilhões desde julho de 2024, incluindo R$ 10,4 bilhões investidos entre janeiro e setembro de 2025.
O reajuste seria maior se a Sabesp fosse estatal?
Sim. O governo estima que o aumento ficaria próximo de 8%.
A tarifa de equilíbrio será maior que a tarifa paga pelo consumidor?
Sim. A tarifa de equilíbrio será de R$ 6,7673/m³, mas o Fausp cobre a diferença para manter o valor percebido menor.
A universalização do saneamento será antecipada?
Sim. O objetivo é atingir 100% de abastecimento e tratamento até 2029, quatro anos antes do prazo legal.









