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Um novo estudo reacendeu o debate sobre a tarifa zero nos ônibus brasileiros. A pesquisa, apresentada nesta quarta-feira (26) pela Frente Parlamentar em Defesa da Tarifa Zero, estima que a política custaria R$ 78 bilhões em 706 cidades já no próximo ano — um salto de 20% em relação aos R$ 65 bilhões gastos hoje com os sistemas de ônibus.
O cálculo não inclui metrô e trens, que adicionariam mais R$ 15 bilhões ao orçamento. Mesmo assim, o levantamento coloca na mesa um ponto central: é possível financiar a tarifa zero sem criar novos impostos?
Para os autores, a resposta é sim — desde que o vale-transporte, que completa 40 anos em dezembro, seja totalmente reformulado.
Como funcionaria o novo modelo de financiamento?
A proposta aposta em uma Contribuição para a Disponibilização do Transporte Público (CTP), uma espécie de aperfeiçoamento do vale-transporte. Segundo o estudo, a contribuição poderia gerar até R$ 80 bilhões, montante suficiente para bancar a tarifa zero nas cidades analisadas.
O modelo se inspira no sistema francês:
– Empresas com até 9 funcionários seriam isentas
– Empresas com 10 ou mais funcionários pagariam uma contribuição crescente, proporcional à folha
– O custo seria regionalizado, levando em conta a realidade de cada cidade
Os autores afirmam que a mudança não cria novo imposto, apenas reorganiza os recursos já existentes.
O economista André Veloso, um dos responsáveis pela pesquisa, destaca que o atual modelo é regressivo:
“Quem ganha menos paga proporcionalmente mais pelo transporte. O vale-transporte perdeu sentido para grande parte da população e precisa ser modernizado.”
Por que o sistema atual está em colapso?
O estudo mostra que o Brasil vive um declínio de passageiros há três décadas.
- O auge do transporte público foi em 1995
- Desde então, o número de usuários caiu drasticamente
- Isso elevou tarifas e reduziu qualidade, criando um ciclo insustentável
Hoje, o país possui 137 cidades com tarifa zero, o maior número do mundo, mas todas ainda dependem de modelos próprios de subsídio.
Tarifas focadas x tarifa universal
Os pesquisadores compararam dois cenários:
- Gratuidade apenas para inscritos no CadÚnico: custo de R$ 1.200,59 por passageiro
- Tarifa zero universal: custo de R$ 827,04 por passageiro
Segundo os autores, a universalização reduz a necessidade de controles complexos e sistemas de validação — e sai mais barata por passageiro.
Especialistas divergem sobre a viabilidade
Nem todo mundo está convencido.
O economista Felipe Salto, da Warren Investimentos, afirma que a contribuição proposta:
– seria difícil de calibrar
– poderia mudar conforme o preço de combustíveis e outros custos
– estimularia fragmentação de empresas para evitar cobrança
– afetaria formalização e salários
Para ele, o cálculo “fecha na teoria, mas não na prática”.
Já Marcus Quintella, da FGV Transportes, vê a tarifa zero como positiva, mas alerta:
“O problema é a falta de transparência. Muitas cidades nem sabem o custo real do próprio sistema.”
Segundo ele, sem dados confiáveis, qualquer modelo pode se tornar inviável.
Conclusão: tarifa zero divide opiniões, mas pode mudar o transporte no país
O estudo mostra que é tecnicamente possível financiar a tarifa zero, desde que o vale-transporte seja totalmente reestruturado.
Mas também deixa claro que o país enfrenta um problema estrutural: sem transparência e novos modelos de gestão, o transporte continuará caro e ineficiente.
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Perguntas Frequentes (FAQs)
Quanto custaria implementar tarifa zero nos ônibus do Brasil?
O custo estimado é de R$ 78 bilhões em 2026, um aumento de 20% em relação ao gasto atual.
O estudo inclui metrô e trem?
Não. Esses modais adicionariam mais R$ 15 bilhões ao orçamento anual.
Como seria financiada a tarifa zero?
Por meio da reformulação do vale-transporte, criando uma contribuição das empresas proporcional à folha, sem novos impostos.
Empresas pequenas pagariam a contribuição?
Não. Negócios com até 9 funcionários ficariam isentos.
Tarifa zero universal é mais cara que a focalizada?
Não. A universal custa menos por passageiro que uma política restrita ao CadÚnico.
Por que tantos especialistas são céticos?
Por dúvidas sobre transparência dos custos do transporte e a dificuldade prática de calibrar a contribuição empresarial.









