Projeção aproxima país do recorde visto na pandemia e reforça alerta sobre sustentabilidade fiscal
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A dívida pública brasileira pode atingir 82,5% do Produto Interno Bruto (PIB) até o fim do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2026, segundo estimativas divulgadas pelo Tesouro Nacional nesta sexta-feira (7). O cálculo, apresentado no novo Relatório de Riscos Fiscais da União, indica que o país voltará a se aproximar dos níveis de endividamento registrados durante a pandemia de Covid-19.
Juros altos e pressão orçamentária
O Tesouro aponta que a trajetória de alta é resultado da combinação entre juros elevados, crescimento econômico moderado e pressões de gastos públicos. O documento alerta que, caso o cenário macroeconômico se deteriore — com inflação maior ou câmbio mais volátil —, a dívida poderá crescer acima do previsto, exigindo ajustes fiscais mais profundos.
Economistas ouvidos pelo G1 destacam que o aumento do endividamento amplia o custo da rolagem da dívida e reduz o espaço para políticas públicas e investimentos. A taxa Selic, mantida em 15% ao ano, eleva o peso dos juros no orçamento e limita a capacidade de o governo cumprir metas fiscais sem novas fontes de receita.
Risco fiscal e reação do mercado
A estimativa de 82,5% do PIB é considerada preocupante por analistas de mercado, pois aproxima o Brasil de patamares vistos em 2020, quando a dívida atingiu 86,9% do PIB. Embora o país ainda mantenha superávits comerciais robustos, a persistência de déficits primários ameaça a confiança de investidores e pode pressionar o custo de financiamento do Tesouro.
O relatório reforça que a sustentabilidade fiscal dependerá da continuidade das medidas de controle de despesas e do avanço de reformas estruturais. O documento também aponta que as despesas obrigatórias — especialmente previdência e folha de pagamentos — continuam crescendo acima da inflação, o que compromete o espaço para gastos discricionários.
Desafio político e fiscal
Para o governo Lula, o desafio será equilibrar o compromisso com responsabilidade fiscal e políticas sociais em meio ao ambiente de juros altos e arrecadação desacelerada. Segundo o Tesouro, medidas como a revisão de incentivos tributários e o reforço do arcabouço fiscal serão fundamentais para evitar um cenário de perda de credibilidade e rebaixamento de rating.
A equipe econômica pretende atualizar as projeções até o primeiro trimestre de 2026, quando novas estimativas de crescimento e inflação podem ajustar o cenário da dívida. Por ora, o alerta está dado: o Brasil chega ao segundo biênio do atual governo com endividamento crescente e pouca margem de manobra fiscal.









