Quitar uma dívida antes do prazo pode aliviar o bolso e a mente — mas é preciso avaliar juros, contrato e reserva de emergência.
Em tempos de juros altos, muita gente se pergunta se deve antecipar o pagamento de uma dívida, seja do cartão de crédito, do financiamento ou do empréstimo pessoal. A ideia de “se livrar logo” da obrigação é tentadora — e, em muitos casos, pode mesmo gerar economia significativa. Mas essa decisão não deve ser tomada por impulso.
O principal ponto a considerar é o custo da dívida. Segundo especialistas consultados pelo Estadão, se os juros cobrados são maiores do que o rendimento de qualquer investimento conservador, vale a pena antecipar. Cartão de crédito rotativo, por exemplo, pode ultrapassar 400% ao ano. Já financiamentos imobiliários ou consignados têm taxas menores, o que pode tornar a antecipação menos vantajosa.
Outro fator importante é verificar se há desconto nos juros futuros. Algumas instituições aplicam juros sobre o saldo total, mesmo que você antecipe parcelas — o que torna a operação menos interessante. Por isso, antes de qualquer decisão, é essencial consultar o contrato ou fazer simulações com o credor.
A existência de reserva de emergência também pesa na escolha. De acordo com a planejadora financeira Silvia Alambert, em entrevista à Folha, quitar uma dívida pode deixar a pessoa “descoberta” caso surja um imprevisto. “Não adianta pagar tudo e depois ter que pegar outro empréstimo por falta de liquidez”, alerta.
Além disso, é preciso comparar: às vezes, investir o dinheiro em uma aplicação de renda fixa segura, como Tesouro Selic ou CDB de liquidez diária, pode gerar retorno superior ao desconto obtido com a antecipação — especialmente quando a dívida é de baixo custo.
Na dúvida, a recomendação é fazer contas com calma, entender o impacto no orçamento e até procurar orientação de um consultor financeiro. A antecipação pode ser poderosa, sim — mas só se vier acompanhada de estratégia.