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quinta-feira, novembro 13, 2025
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Varejo brasileiro sente o peso dos juros altos e do endividamento em setembro

As vendas do comércio registraram queda de 0,3% em setembro em relação a agosto, segundo a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) divulgada pelo IBGE nesta quinta-feira (13). O recuo foi mais amplo que o esperado pelos analistas, que projetavam alta de 0,3%.

O resultado negativo atingiu seis dos oito setores pesquisados e reflete um cenário de crédito ainda caro, renda pressionada e menor criação de vagas formais. Especialistas avaliam que o varejo deve continuar oscilando perto da estabilidade nos próximos meses.

Crédito caro e emprego mais fraco freiam o consumo

O desempenho de setembro foi a quinta queda do varejo em seis meses, de acordo com Rafael Perez, economista da Suno Research. No trimestre, as vendas recuaram 0,4%, e no acumulado do ano, a retração chegou a 1,5%, bem abaixo dos 4,2% registrados em 2024.

Segundo Leonardo Costa, economista do ASA Investments, o conjunto dos dados mostra um consumo mais fraco, em linha com o encarecimento do crédito e o arrefecimento gradual do mercado de trabalho.

A avaliação é compartilhada por Rodolfo Margato, da XP, que destaca o impacto do endividamento das famílias. “O consumo desacelera porque parte maior da renda está comprometida com dívidas, mesmo com salários ainda em alta”, explica.

Famílias compram menos e priorizam o essencial

De acordo com Ariane Benedito, economista-chefe do PicPay, a queda nas vendas reforça a tendência de moderação no consumo. “Renda estável, crédito restritivo e incerteza sobre o futuro estão reduzindo a disposição das famílias para compras de maior valor, como eletrodomésticos e automóveis”, observa.

Em terceiro lugar, a média móvel trimestral, negativa em 0,1%, confirma a perda de tração. A economista ressalta que o consumo tem se concentrado em bens essenciais, especialmente medicamentos e itens de perfumaria, que subiram 1,3% no mês.

Seis de oito setores registraram queda

Entre as atividades que mais caíram estão livros, jornais e papelaria (-1,6%), vestuário e calçados (-1,2%), combustíveis (-0,9%), informática e comunicação (-0,9%), móveis e eletrodomésticos (-0,5%) e supermercados (-0,2%).

Os únicos segmentos que escaparam do vermelho foram farmacêuticos, médicos e de perfumaria (+1,3%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (+0,5%), impulsionados pela demanda constante em produtos básicos.

Segundo Costa, o movimento negativo foi amplo e concentrado em setores sensíveis à renda e ao crédito. Ele cita que veículos, autopeças e material de construção continuam com desempenho fraco.

Desempenho regional também foi fraco

O levantamento do IBGE mostra que 15 das 27 unidades da federação registraram queda nas vendas do varejo restrito. No varejo ampliado, 12 estados também apresentaram recuo.

As maiores retrações foram observadas em São Paulo e nos estados do Sul, enquanto Norte e Nordeste mostraram resultados mais variados, mas sem mudar o cenário geral de fraqueza.

Economistas projetam fim de ano moderado para o comércio

Para Perez, a diferença entre os setores mostra que a alta dos juros continua impactando principalmente os segmentos dependentes de crédito, como bens duráveis e material de construção. Já os supermercados e farmácias têm resistido melhor por estarem ligados diretamente à renda e ao consumo básico.

Heliezer Jacob, do C6 Bank, prevê que a economia deve crescer menos em 2025 do que em 2024. “A desaceleração é reflexo dos juros elevados, que desestimulam investimentos e reduzem o consumo”, explica.

Apesar disso, a expectativa é que o varejo tenha leve recuperação até o fim do ano, impulsionado pelas festas, aumento da renda e transferências do governo.

Para 2026, os analistas esperam uma retomada mais consistente, com a reforma do Imposto de Renda ampliando a renda disponível e ajudando no consumo das famílias.

Conclusão

O resultado de setembro confirma o resfriamento gradual do comércio, com o brasileiro mais cauteloso e priorizando itens essenciais. Mesmo com a economia em desaceleração, os próximos meses podem trazer algum alívio, graças ao aumento temporário da renda e às compras de fim de ano.

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FAQ

Por que o varejo caiu em setembro?

O recuo foi provocado pelo crédito caro, pelo alto endividamento das famílias e pela menor criação de empregos formais.

Quais setores mais sentiram a queda nas vendas?

Livros e papelaria, vestuário, combustíveis, informática, móveis e supermercados registraram retração. Em contrapartida, farmácias e artigos pessoais cresceram.

O varejo deve se recuperar até o fim do ano?

Sim, mas de forma moderada. A renda extra do fim de ano e as transferências do governo podem impulsionar temporariamente as vendas.

O que esperar para 2026?

Por fim, com a possível redução de juros e a reforma do Imposto de Renda, o consumo das famílias deve ganhar novo fôlego, favorecendo a retomada do setor.

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