Alta tímida mostra respiro no consumo, mas cenário ainda é de fragilidade para o comércio brasileiro
As vendas no varejo brasileiro avançaram 0,2% em agosto, na comparação com julho, segundo dados do IBGE divulgados nesta quarta-feira (15). O resultado, divulgado pelo Investing.com, interrompeu uma sequência de quatro meses seguidos de retração e trouxe leve alívio ao setor de consumo. Na comparação anual, o crescimento foi de 0,4% frente a agosto de 2024.
Setores que puxaram o resultado
Cinco dos oito segmentos pesquisados registraram desempenho positivo. O destaque foi o de equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação, que cresceu 4,9%. Também apresentaram alta os setores de vestuário e calçados (+1%), perfumaria e artigos farmacêuticos (+0,7%), móveis e eletrodomésticos (+0,4%) e hipermercados e supermercados (+0,4%), de acordo com o InfoMoney.
Em contrapartida, houve retração em livros, jornais e papelaria (-2,1%), combustíveis e lubrificantes (-0,6%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (-0,5%).
Varejo ampliado tem desempenho mais forte
Considerando o varejo ampliado — que inclui veículos, motos, material de construção e atacado alimentar — o avanço foi maior: 0,9% frente a julho, segundo o Investing.com. Apesar disso, o volume de vendas no comparativo anual caiu 2,1%.
O resultado mostra que, embora alguns segmentos demonstrem recuperação, o consumo das famílias ainda sente os efeitos dos juros altos e do crédito restrito.
Juros e inflação ainda limitam avanço do setor
Mesmo com o leve crescimento, o cenário segue desafiador. A taxa Selic, atualmente em 10,50% ao ano, continua restringindo o acesso ao crédito e encarecendo financiamentos. Além disso, o consumidor ainda enfrenta pressões inflacionárias e perda de poder de compra, o que reduz o ímpeto de consumo, conforme destaca a Exame.
Economistas apontam que, embora a estabilidade dos preços tenha melhorado a confiança em alguns segmentos, o ritmo de recuperação do varejo tende a ser gradual.
Perspectivas para os próximos meses
O varejo acumula alta de 1,6% no ano e 2,2% nos últimos 12 meses, a menor variação desde janeiro. Analistas afirmam que o desempenho de agosto pode representar apenas um respiro momentâneo, já que o consumo ainda depende de estímulos de crédito e melhora do mercado de trabalho.
Com a inflação controlada e a possibilidade de novos cortes na Selic até o fim do ano, a expectativa é que o varejo encontre algum fôlego adicional — embora a trajetória siga lenta e vulnerável a choques externos.









